quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Istambul - Grand Bazaar e Mercado de Especiarias

Eu não faço compras durante as minhas viagens. Esteja onde estiver o meu tempo é precioso demais para ser desperdiçado dentro de um shopping ou pulando de loja em loja.

Mas em Istambul foi diferente…Como é que eu poderia resistir ao Grand Bazaar? São 5.000 lojas distribuidas em 60 “ruas” onde são vendidas jóias, cerâmicas, tecidos, especiarias, antiguidades, e MUITOS tapetes. Além disso há vários restaurantes e cafés, onde vale a pena fazer uma pausa para o tradicional chá de maçã quentinho com o melhor baklava que eu já comi na vida... e para o meu passatempo favorito: observar as pessoas ao meu redor. Adoro!

O Grand Bazaar é como um grande labirinto onde a gente pode se perder à vontade; o segredo é lembrar o número do portão por onde se entrou (há quatro portões maiores localizados nas extremidades das duas “ruas” principais, e vários portões secundários).

Desafio mesmo é conseguir dar dois passos sem ser abordado por um vendedor querendo lhe arrastar para dentro da loja. Se você parar para dar uma olhadinha em alguma coisa ou demonstrar o mínimo interesse por qualquer produto…está perdido. Eles são danados e perguntam qual é o pais de origem dos passantes para puxar assunto. Muitos nem perguntam: se ouvem a gente falando Português já reconhecem, comecam a gritar “Brasil!” e vão tentando arrastar para dentro da loja. Essa parte é chata, chega até a ser inconveniente mesmo, mas a solução é sorrir, finjir que não está entendendo o que eles estão tentando fazer e seguir em frente (à menos que você seja daqueles que adora ficar pechinchando para comprar alguma coisa; nesse caso você provavelmente vai se diverter muito).

Mas a beleza da arquitetura do prédio tão antigo (a primeira parte do Grand Bazaar terminou de ser construída em 1461), o colorido das lojas, a variedade de produtos encanta e a gente esquece dos vendedores chatos.

                                        Loja de luminárias

                   A bandeira turca é exibida com orgulho

                      Imagina o peso desse colar de diamantes...

             Eu nunca tinha visto tanto ouro numa única vitrine

O Mercado de Especiarias é bem menor do que o Grand Bazaar, mas nem por isso menos interessante. Muito pelo contrário: ele encanta pela simplicidade e pela variedade de temperos, ervas, chás, óleos perfumados, frutas secas e muito mais. O colorido dos produtos e os diferentes aromas aguçam os sentidos. 
O mercado é muito frequentado pelos moradores locais, que circulam tanto pelas lojas quanto pelas bancas de peixes, carnes e vegetais instaladas do lado de fora do prédio. 




Eu nem sabia que existiam tantas variedades de caviar

Nos arredores do Mercado de Especiarias eu descobri uma Istambul quase sem turistas. Uma infinidade de pequenas lojas espalhadas por várias ruelas vendendo de tudo um pouco: café moído na hora, frutas secas, utensílios de cozinha, tecidos, artigos de decoração para festas. O que me atraiu mesmo não foram os produtos, mas sim a chance de observar os moradores dessa cidade fascinante em ação, entrando e saindo rapidamente de cada loja com sacolas de ingredientes que provavelmente seriam usados para preparar o jantar daquela noite.  





Nessa loja os gatinhos testam a qualidade dos tapetes e almofadas




De um lado a Europa, do outro a Ásia. Nos encontramos no próximo post para um passeio de barco pelo Estreito de Bósforo. Até logo!


domingo, 28 de outubro de 2012

Istambul - Parte II

Há pouco mais de 100 metros da Basílica de Santa Sofia fica a Cisterna da Basílica. A maior entre as centenas de cisternas localizadas no subterrâneo de Istambul foi construída no século VI e era usada como um dos reservatórios de água da cidade. 
A gente desce por uma escadinha e de repente está embaixo da terra, num lugar escuro onde a fraca iluminação é posicionada estrategicamente para destacar as 336 altíssimas colunas de mármore que sustentam o teto. Passarelas molhadas nos levam para um passeio entre as colunas. Esse lugar é mágico, surreal! Eu me senti como se estivesse num filme; mais um dos muitos mistérios de Istambul…







Uma boa parte dos jardins do Palácio Topkaki que foi residência oficial dos sultões otomanos por aproximadamente 400 anos é hoje um parque público. Mas para visitar os diversos pavilhões e pátios internos é necessário pagar ingresso. 

Entrada do Palácio Topkaki

A riqueza dos sultões se faz evidente na arquitetura rebuscada e nas salas do tesouro, onde estão expostos jarros e copos de ouro incrustados com pedras preciosas,  além de muitas jóias.
É interessante visitar o harém, onde moravam a mãe do sultão, as suas esposas, as concubinas, além dos filhos e dos empregados. Para colocar um pouco de ordem nessa bagunça cada um desses grupos vivia numa área separada do harém, mas todas as áreas eram conectadas para que o sultão pudesse circular por todas elas. No total há mais de 100 apartamentos, mas somente alguns estão abertos à visitação pública. 

Uma das salas do harém


Entre um passeio e outro uma passadinha num café para se aquecer com um chá de maçã bem quentinho e experimentar os deliciosos doces turcos.






As mesquitas estão por todos os lados e fica praticamente impossível visitar todas. Escolhi algumas fotos das minhas favoritas para mostrar para vocês. 

Mesquita de Beyazit

                         Mesquita de Suleyman, o Magnífico

Detalhe do teto da Mesquita de Suleyman, o Magnífico
Mesquita Nova


No próximo post: se você acha que shopping center é uma coisa dos tempos modernos, espere até conhecer o Grand Bazaar…Não perca!

sábado, 27 de outubro de 2012

Istambul - Parte I

O meu fascínio por Istambul vem desde os tempos de escola, quando os livros se referiam à ela como Constantinopla.

Difícil não ficar intrigada com uma cidade que se divide entre dois continentes (Europa e Ásia), onde mulheres de mini-saia e roupas decotadas dividem as ruas com mulheres cobertas da cabeça aos pés por burcas, e onde a religião muçulmana exerce um papel importante no dia-a-dia dos cidadãos que se dirijem às inúmeras mesquitas várias vezes por dia em horários pré-estabelecidos para rezar.

Istambul é antiga e moderna, uma mistura de sabores e cheiros, tudo envolto em tecidos coloridos e muitos, muitos tapetes.

Dizem que o verão é muito quente e úmido e que às vezes neva no inverno, mas quando estivemos lá em Dezembro, entre o Natal e o Ano Novo os dias se alternavam entre cinza com uma chuvinha fina e outros ensolarados e friozinho (até me lembrou o inverno de Porto Alegre).

A arquitetura das mesquitas, basílicas e palácios relembra o tempo em que a cidade era a mais rica do mundo cristão. Mas essa riqueza ficou no passado e o que se vê pelas ruas é um povo simples e muito simpático, que ao mesmo tempo que parece querer fazer parte do mundo moderno, ainda está profundamente ligado aos costumes e tradições.




A Mesquita Azul e a Basílica de Santa Sofia ficam de frente uma para a outra, separadas pela praça Sultanahmet.


Antes de visitar a Mesquita Azul é recomendável se informar sobre os horários de oração, que duram uma hora cada, pois nesses períodos somente os muçulmanos podem permanecer na mesquita. Os sapatos tem que ser tirados na entrada e podem ser deixados em prateleiras ao lado da porta ou carregados em sacolas de plástico distribuídas gratuitamente. As mulheres tem que cobrir a cabeça, portanto se não quiser usar uma espécie de lenço de tecido de algodão azul que já passou por várias outras cabeças sem ser lavado é bom carregar o seu próprio lenço ou echarpe na bolsa. Essa amiga que vos escreve teve que usar o referido lenço azul amarrado na cintura para parecer uma saia, pois mulher de calça comprida não entra. 

Mesquita Azul
No interior da mesquita todo o piso é coberto por um macio carpete vermelho estampado. Em horários de menos movimento é possível sentar no tapete para ficar observando com calma os vitrais e as pinturas no teto, onde a cor azul predomina. Mas se você optou por carregar seus sapatos na sacola de plástico não esqueça que não pode largá-la no tapete enquanto se delicia com a beleza do lugar (os funcionários da mesquita estão sempre de olho para alertar os desavisados).




Do outro lado da praça, a Basílica de Santa Sofia com seus belíssimos tons de terracota e laranja é um museu com entrada paga. Encanta quando vista pelo lado de fora, mas mais ainda por dentro. As enormes colunas ricamente trabalhadas, os balcões, as pinturas e mosaicos nas paredes, os imensos lustres que quando vistos do andar superior parecem flores luminosas, os medalhões com inscrições...tudo e tão grande e majestoso que faz a gente se sentir minúsculo.

Basílica de Santa Sofia 





Continuaremos passeando por Istambul no próximo post…





O sapato vermelho



Recentemente comprei o primeiro par de sapatos vermelhos da minha vida adulta. Eu tive sapatos vermelhos quando era criança  mas aqueles não contam pois foi minha mãe que os escolheu para mim. Esse fui eu que comprei e além de ser lindo, estiloso e vermelho é especial porque é novidade.

Um contentamento quase infantil tomou conta de mim e me dei conta do quanto é importante experimentar coisas novas, coisas que a gente nunca fez antes.

Não precisa ser nada complicado. Podemos começar escolhendo um caminho diferente para ir do trabalho para casa, comendo alguma coisa que nunca comemos antes, lendo um livro de um gênero que nunca exploramos antes, e por aí vai...

O importante é nos renovarmos constantemente, não deixando que os nossos sentidos fiquem adormecidos pela mesmice da rotina. 

domingo, 21 de outubro de 2012

Brasileiros não precisam de visto para entrar na Turquia (pode acreditar!)


Quando decidimos viajar para Istambul uma das primeiras coisas que fiz foi ligar para a Embaixada da Turquia em Washington para confirmar o que estava listado na website deles: brasileiros não precisam de visto para permanecer no país por até 90 dias (sim, eu tenho que chegar e re-checar tudo antes de viajar). A simpática atendente não só confirmou a informação como ainda ficou puxando assunto, perguntando que lugares pretendiamos visitar, etc. A moça sem dúvida representou muito bem o seu papel de cartão de visitas da Embaixada. 

Quando chegamos ao aeroporto internacional Ataturk, em Istambul, de longe avistamos as longas filas para passar pela imigração. Quando nos aproximamos, cartazes informavam que cidadãos de diversos países precisavam entrar na fila e pagar o equivalente a 20 dólares para obter um visto de entrada ali mesmo no guichê da imigração. Estava explicado o motivo das longas filas. Como o Brasil não estava na lista (e lembrando a conversa com a moça da Embaixada) eu imediatamente quis passar pelo burburinho e me encaminhar para o guichê dos que não precisavam de visto. Foi quando meu marido olhou para mim e disse: “…cidadãos americanos, belgas, austríacos, etc precisam de visto e brasileiros não? Não pode ser.” Resultado: como eu não estava com a menor vontade de arranjar briga depois de tantas horas de viagem, acabamos entrando na fila do visto. Não posso negar que até me diverti enquanto esperava, já que observar o comportamento das pessoas é um dos meus passatempos favoritos (e aeroportos são um lugar ótimo para ver gente exótica), mas bem que aquela hora eu já podia estar pegando as malas e procurando o motorista que nos levaria para o hotel…

Quando finalmente chegou a nossa vez e entregamos os passaportes para o oficial da imigração, ele nos olhou, abriu um imenso sorriso e exclamou em alto e bom som: “Brasileiros não precisam de visto para entrar na Turquia! Nós adoramos os Sul-Americanos!”.  E os outros oficiais ainda exclamaram “Viva o Brasil!”

Claro que comecei a rir ali mesmo e esse episódio foi devidamente adicionado à lista “razões pelas quais os maridos devem ouvir as suas esposas”…

terça-feira, 16 de outubro de 2012

A casa do livro "Sob o Sol da Toscana"

Quando li o livro “Under the Tuscan Sun” (“Sob o Sol da Toscana”) da escritora americana Frances Mayes fiquei imaginando como seria aquela casa em Cortona, na região da Toscana que ela tinha restaurado com tanto carinho e a qual descrevia com tamanha riqueza de detalhes.

Algum tempo depois assisti ao filme homônimo protagonizado pela atriz Diane Lane, uma comédia romantica que pouco tem a ver com a história original do livro, mas que ainda assim mais uma vez instigou a minha curiosidade a respeito da casa batizada como “Bramassole”.

Quando visitei Cortona eu estava determinada a encontrar a casa, mas para minha surpresa nem precisei procurar. Quando chegamos ao hotel onde ficariamos hospedados a primeira coisa que eu perguntei à recepcionista foi “você sabe onde fica a Bramassole da Frances Mayes?” Pois não é que a casa ficava na mesma rua do nosso hotel e apenas uns 5 minutos de caminhada nos separavam? Nem preciso dizer que fui até lá no mesmo dia, né?

Com vocês, a encantadora Bramassole...



Depois da viagem eu reli o livro, não mais imaginando como seria aquela casa cuja história encantou tantos leitores pelo mundo afora, mas sim relembrando  as imagens da verdadeira Bramassole que ficarão gravadas na minha memória para sempre.



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Sheboygan, WI - Os banheiros do John Michael Kohler Arts Center


Quando fomos visitar um casal de amigos muito queridos em Sheboygan, no estado de Wisconsin aproveitamos para conhecer o John Michael Kohler Arts Center, um espaço  muito legal (com entrada gratuita) que promove exposições de arte, música, dança, teatro, filmes, etc. Mas a minha visita não poderia deixar de fora um item muito importante: os famosos banheiros do local.

A Koehler, empresa da região fundada por John Michael Koehler no final do século XIX é uma bem sucedida fabricante de louças, cerâmicas e metais para banheiros e cozinhas, e contratou artistas para transformar cada banheiro numa obra de arte.

Depois de me encantar com o banheiro feminino eu não poderia sair de lá sem fazer uma visita ao banheiro masculino. Isso gerou uma certa polêmica com meu marido, que finalmente aceitou ficar do lado de fora vigiando a porta para me avisar caso algum cidadão manifestasse a intenção de entrar no recinto. Felizmente não era dia de muito movimento no Arts Center e pude apreciar a decoração e tirar fotos sem pressa e sem interrupções.

Obviamente os banheiros são impecavelmente limpos. Dá até pena de usá-los...

Sheboygan fica há mais ou menos 1 hora de carro ao norte de Milwaukee, WI. Não deixe de dar uma paradinha no John Michael Kohler Arts Center se estiver na região (nem que seja só para ir ao banheiro...).











 

  




















  

 

sábado, 13 de outubro de 2012

Senso de direção…eu não tenho

Meu senso de direção é quase inexistente. Meu marido se diverte com esse meu “defeito de fabricação” e diz que não entende como eu viajo tanto sozinha a trabalho e não me perco.

Essa história de Norte, Sul, Leste, Oeste não funciona comigo. Sabe quando a gente simplesmente não consegue absorver uma informação, quando entra por um ouvido e sai pelo outro? Pois essa sou eu se alguém tentar me ensinar a chegar à algum lugar usando os tais “pontos cardeais”. Cardeal para mim é um passarinho lindo que de vez em quando eu vejo no meu quintal. Antes do sensacional GPS me dizendo passo a passo como chegar ao meu destino a minha salvação era o Google Maps (aqui nos USA) ou o Guia Michelin (na Europa), que eu imprimia religiosamente antes de me aventurar por aí.

Moro há anos na mesma casa e sei apontar de que lado nasce o sol, porque ele banha a mesa onde fazemos as refeições com uma luz tão intensa que quase preciso de óculos escuros para tomar o café da manha. Mas não venha me perguntar se daquele lado é Leste ou Oeste porque eu não sei...

Se eu tenho que ensinar alguém a chegar à algum lugar, gosto mesmo é de me guiar por pontos de referência. “Segue a rua tal até chegar no shopping, daí dobra à direita e continua até chegar no colégio tal...”, “sobe a 24 de Outubro até chegar no Parcão.”

O problema é quando um estabelecimento fecha ou muda de nome e a única coisa que me vem à cabeca é o antigo nome da loja, farmácia ou supermercado que ficava lá naquela esquina antes da mudança. Bom, daí eu corro o risco de passar por desatualizada, ou pior de ser olhada como um dinossauro se eu puxar nomes como Hipo Incosul, Mesbla, Supermercado Dosul que serviram como ponto de referência por muitos anos da minha vida mas que hoje só existem na memória. Lembra?

Bonnieux e Lacoste

Guardo ótimas lembranças de Bonnieux, especialmente de alguns moradores muito simpáticos que conhecemos na feira, vendendo frutas e verduras, queijos, cerâmicas e lindas telas pintadas com paisagens da região.






Quando eu disse ao dono da banca de queijos que éramos do Brasil ele puxou o telefone e começou a me mostrar fotos que tinha tirado numa viagem à Foz do Iguaçu e Pantanal. Ele desandou a me contar sobre a viagem e mesmo sem saber quase nada de Francês eu consegui entender muita coisa. Essa foi apenas uma das muitas ocasiões da viagem em que com paciência e boa vontade eu consegui me comunicar mesmo numa língua que eu não falo.
E para completar esse agradável encontro ele nos deu de presente uma generosa porção dessas deliciosas tapenades aí da foto para levarmos para casa.
São essas coisas singelas que aquecem o meu coração...Joie de vivre.



A arte de fazer queijos que os franceses dominam tão bem. Enche os olhos e dá água na boca...






O colorido das frutas e verduras fresquinhas arranjadas nas bancas com capricho.



Encontrei até um restaurante com o meu nome...okay...parecido...





Da estrada saindo de Bonnieux avistamos uma outra cidadezinha no alto da montanha e não parecia muito longe. Tratava-se da minúscula Lacoste.


Chegamos lá no que deveria ser a hora da sesta, pois as ruas estavam praticamente desertas, com exceção apenas de uns poucos turistas.







As ruas são muito íngremes e com calçamento irregular; um verdadeiro exercício chegar até o castelo que foi do Marquês de Sade e que é aberto a visitação (não entrei no castelo). Talvez o ilustre e esquisito dono tenha escolhido o lugar de difícil acesso para fazer seus visitantes sofrerem um pouco...sei lá...dizem que era disso que ele gostava, né?




Mas a vista do pátio dos castelo compensa o esforço...