Na minha lista de coisas para
fazer em Istambul havia um item do qual eu estava determinada a não abrir mão:
o famoso banho turco.
Eu tinha pesquisado na
Internet várias opções de “hamam”, que são uma mistura de sauna e casa de
massagem (massagem mesmo, nada de “especial”), mas confesso que a idéia de
tomar banho junto com outras mulheres que eu nem conheço não me agradava muito.
A água do banho delas respingando em mim...sei lá não achei muito higiênico.
Mas como evitar a
“coletividade” intrincada na tradição e ainda assim experimentar o banho turco?
Quando descobri que o spa do nosso hotel oferecia o banho individual não pensei
duas vezes e marquei a minha hora.
Depois de um longo dia de
muita caminhada pelas ruas de Istambul eu desci para o spa e encontrei a moça
que iria me dar o banho (muito estranho escrever isso). Eu não consegui
entender o nome dela e depois de pedir para ela repetir duas vezes resolvi
deixar por isso mesmo. Logo de cara ficou claro que ela nao falava inglês e eu
não falava o idioma dela, mas através de gestos ela me indicou uma salinha onde
eu deveria tirar a roupa, me enrolar numa espécie de canga de algodão e calçar
um chinelinho.
Dai ela apontou para a sauna
a vapor e com gestos me explicou que eu tinha que ficar lá dentro por meia
hora. Talvez se eu tivesse alguém para conversar, me distrair eu até
conseguisse aguentar meia hora, mas sozinha...tudo que eu conseguia era pensar
que estava sufocando com o vapor. Não sei ao certo quanto tempo eu aguentei,
mas como não estava conseguindo respirar
direito decidi dar um basta naquela tortura.
Os próximos passos foram uma
sauna seca (dessa eu gostei) e alguns minutos de relaxamento com direito a um
suco para me rehidratar. A partir dali a moça tomou coragem e começou a tentar
se comunicar comigo. Foi cômico porque ela falava só umas palavras soltas em
inglês mas tinha um caderninho com frases e palavras escritas à mão e recorria
à ele o tempo todo. Quem me conhece sabe que eu adoro conversar e jamais
perderia aquela chance única de bater um papo com alguém de uma cultura
diferente da minha. Dei corda e ela se soltou. O que eram para ser alguns
minutos de relaxamento antes de eu passar para a sessão de massagem virou uma
meia hora, durante a qual nós duas conversamos de tudo um pouco. Ela me contou
que era da Armênia, me disse a sua idade, quantos filhos tinha, quantos vezes
já tinha sido casada, fez comparações entre os homens armenos e turcos, perguntou
sobre os homens brasileiros, falou dos lugares por onde já tinha viajado e
muito mais.
Passamos para a sessão de
massagem (agora em silêncio para promover o relaxamento) e finalmente o tão
esperado grand finale: o banho.
Entramos numa sala redonda,
totalmente recoberta de mármore branco, piso, paredes, teto, tudo. No meio da
sala havia uma espécie de bancada redonda também de mármore branco onde ela me
mandou deitar. Ali caberiam tranquilamente umas 8 pessoas deitadas, mas eu
estava contente por ter a bancada toda só para mim. Ela encheu um grande jarro
com água quente de uma das 6 pias (de mármore branco, claro) instaladas ao
longo da parede e despejou em cima de mim. A partir dai começou uma esfoliação
com uma bucha vegetal áspera alternada com enxágues de água quente e fria.
Entenderam agora porque eu não queria um banho coletivo? Não tem como evitar de
entrar em contato com a água do banho dos outros estando todos deitados sobre a
mesma bancada. Ai que nojinho...
Depois de uns bons 15 minutos
de esfoliação fantástica, para finalizar ela lavou os meus cabelos. Acabou? Já acabou?
Quando sai do spa a minha
pele estava macia como a de um bebê e todo e qualquer vestígio de cansaço tinha
sido apagado do meu corpo.
A moça se despediu de mim
como se fossemos amigas de infância, segurou as minhas mãos e me falou um monte
de coisas (acho que em armênio) que eu não entendi, mas deixei rolar e sorri em
retribuição. Acho que fiz uma amiga na Turquia e nem sequer sei o nome dela...
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